terça-feira, fevereiro 23, 2010

Wilson Lima, novo governador do DF: 'Sou um fofinho'

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Enviado por Ricardo Noblat | 23.2.2010 | 17h02m


Na semana passada, no dia em que Paulo Octávio avisou que renunciaria ao cargo de vice-governador do Distrito Federal e, na última hora, preferiu renunciar à renúncia, o deputado Wilson Lima (PR) (foto acima), presidente da Câmara Legislativa, que agora o substituirá, concedeu entrevista ao jornal Correio Braziliense.

Lima falou ao jornal convencido de que tomaria posse do governo naquele mesmo dia. Confira:
De Lilian Tahan e Renato Alves:

A chance de comandar o Distrito Federal nunca chegou tão perto do presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR) quanto ontem. Meia hora antes do pronunciamento do governador em exercício Paulo Octávio (DEM), Lima estava seguro de que seria o próximo a sentar na cadeira do chefe do Executivo. Recebeu um telefonema comunicando a tendência de renúncia. Embevecido com a possibilidade de ocupar o Buriti meteoricamente, o distrital eleito com 9 mil votos falou como se governador fosse.

Assim que o fotógrafo entrou na sala, às 15h55, Wilson Lima tratou de arrumar a gravata e fechar os três botões do terno, indumentária que passou a adotar como rotina recentemente, após assumir a presidência da Câmara Legislativa. Não economizou nas poses. Seria a primeira entrevista como novo chefe do Executivo no DF. Cargo que, admitiu, nunca havia sonhado assumir. Mas nem por isso deixou de fazer planos. Já tinha na cabeça a primeira medida:
- Vou chamar os partidos, os deputados, fazer um governo de coalizão.

Falou que prefere despachar no Palácio do Buriti: “É mais modesto”. Cogitou até mesmo mudança para a residência oficial de Águas Claras: “Estou estudando”. Faltou combinar com Paulo Octávio, que anunciou a renúncia, mas voltou atrás por volta das 17h, meia hora após Lima receber a equipe do Correio.

Há a expectativa de que o senhor se torne o próximo governador do DF. Como o senhor reage a essa responsabilidade?
Antes de mais nada, tenho que tomar pé da situação, tenho que formar um governo de coalizão, reunir os partidos e os deputados para que me ajudem nessa missão espinhosa. Brasília passa por um momento muito difícil, a população está sofrendo com tudo isso. As empresas estão apreensivas para saber o futuro delas, há uma insolvência que pode vir se não tiver uma administração austera.

O senhor vai ter pulso para enfrentar esse quadro de crise?
Sou muito católico, acredito na providência divina. Enquanto puder dar a minha dose de contribuição, darei até a última gota para fazer o povo de Brasília feliz.

Qual a primeira atitude que o senhor tomaria para retomar a governabilidade?
Já pedi aos deputados que, numa hipótese dessa natureza, eles se colocassem à disposição, porque não têm que pensar no partido, mas no povo de Brasília, no sufoco.

Tem sido falado que existia um acordo entre o governador em exercício Paulo Octávio e o senhor para uma renúncia casada. Essa informação procede?
Não tem nenhum acordo dessa natureza, nós estamos observando a linha sucessória. O governador está impedido; o vice-governador, se renunciar; aí, sou eu. Não vou fugir da missão, não.

O senhor já imaginou um dia ser governador?
Nem durante essa crise eu imaginei ser, nunca passou pela minha cabeça. Mas eu sou um homem que vive dia a dia. E me preparo. Talvez não seja a pessoa que as pessoas esperavam. Mas espero superar todas as expectativas.

A crise toda gira em torno de denúncias de corrupção. Como é que o senhor vai agir com relação aos contratos do GDF com empresas consideradas suspeitas pela Operação Caixa de Pandora?
Já fiz uma preliminar com a presidenta do Tribunal de Contas, Anilcéia Machado. Ela vai me dar o suporte que eu precisar do tribunal. Tenho na Casa aqui uma assessoria que pode me ajudar a não errar.

O senhor tem fama de gastador. Nos últimos três anos, foi o segundo distrital que mais consumiu com verba indenizatória. Vai manter essa rotina no GDF?
Gastar em que lá?

São R$ 21 bilhões de recursos…
Vou aplicar no que é correto durante o período em que eu estiver à frente do GDF. Mas quero tudo detalhado. Se não puder pagar, não vai ter. A verba que existe na Câmara Legislativa é legal, não é imoral. Uso ela (sic) para a divulgação do trabalho parlamentar, sou autor de 39 leis — são de alcance social, ajudam a população, as pessoas menos esclarecidas.


Como o senhor vai lidar com os cargos no GDF. Vai fazer loteamento entre os partidos?
Vou fazer uma composição o mais técnica possível. Claro que existem as composições políticas. O GDF não é diferente do governo federal. Ele (o presidente Lula), quando compôs com o PMDB, o Edison Lobão e outros mais ocuparam o ministério de porteira fechada. O PTB pegou um monte de cargos.

O senhor vai seguir esse exemplo?
Não, não é isso. Estou falando que não é ilegal. Tenho que rever algumas coisas… ou muita coisa. O governo tem que tomar outra cara.

Assim como o presidente Lula, o senhor subiu na política sem passar pela universidade. Acha que o estudo formal faz diferença agora que pode ocupar cargo tão importante?
Não faz diferença não. A faculdade da vida ensina muito a gente. Entendo um pouco de direito hoje, de engenharia, faço um prédio acontecer de baixo até em cima.

Por falar em prédio, a Câmara Legislativa construiu um prédio suntuoso. Ele combina com o atual momento vivido pelos distritais?
Aquela Casa lá é do povo. O povo merece estar num local confortável.

Mas não seria mais justo o povo escolher se queria um prédio suntuoso ou hospitais públicos?
Mas existe recurso para tudo. Há tempo e recurso para tudo. Uma igreja, quando vai ser construída, o padre sabe que o dinheiro é dos fiéis e, no entanto, faz a igreja mais acolhedora possível.

Qual a característica pessoal que ajudou o senhor a se projetar na política?
Diálogo, ausculta, tendência. Para onde vai passar tal coisa. Você tem que tirar as conclusões. Não é escuta, é ausculta. Essas qualidades que eu acho, são virtudes que a gente costuma exercer.

E um defeito?
Ninguém é perfeito. O nervosismo da gente, a gente é nervoso. Sou um fofinho. Posso não agradar a todos, mas sou casado com a minha esposa e fiel a ela há 31 anos.

O senhor foi eleito com 9 mil votos, mas pode comandar um cidade com 2,5 milhões de habitantes. Como agradar todo mundo?
Estou indo a serviço de todos. Vou tentar de todas as formas. Mas eu peço um voto de confiança da população.

O senhor vai se candidatar nas próximas eleições?
Não sei. O futuro a Deus pertence. Não sei ao que eu posso me candidatar ou se tenho que renunciar. E não sei também por quanto tempo eu fico no governo. De repente, a lei faculta que alguém volte, não sei. Mas se eu ficar à frente, levarei a cabo.

O senhor vai despachar no Buriti ou no Buritinga?
Ainda não sei não. A princípio pode ser lá no Buriti, naquela sala onde o governador está. Eu vi a sala, a montagem que tem lá é boa. Uma estrutura que atende a necessidade do governo. Acho um lugar mais modesto.

E quanto à Residência Oficial de Águas Claras?
Não sei como deve ser usado e quando deve ser usado. Vou fazer um estudo de tudo isso.

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