segunda-feira, setembro 05, 2011

HUMOR - Encontrado funcionário de ministério sem padrinho político

http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/encontrado-funcionario-de-ministerio-sem-padrinho-politico

Encontrado funcionário de ministério sem padrinho político

02/08/2011 12:15 | Categoria: Brasil
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Encontrado funcionário de ministério sem padrinho político

Genésio dos Reis tenta se filiar ao Partido Social da República Democrática, nova agremiação com trinta cargos abertos na seção de Joinville do Ministério das Cidades

ARACAJU – Em descoberta que cientistas políticos classificaram como incompreensível, e líderes da base aliada deram como inaceitável, foi encontrado ontem o único funcionário ministerial cujo cargo não pode ser atribuído a uma indicação política. Genésio dos Reis, 64 anos, é auxiliar de almoxarifado da superintendência de pesca oceânica, seção Sergipe, órgão ligado ao Ministério da Pesca. O funcionário trabalha na seção desde 1987 e é responsável pela guarda e manutenção de anzóis, molinetes, varas de pesca e tarrafas.

Segundo reportagem publicada ontem no Diário de Aracaju, há três dias um assessor do coordenador para a região Centro-Oeste de parques nacionais arbustivos, órgão subordinado ao ministério do Turismo, passava pelo local e, sem ter o que fazer, puxou uma conversa com Genésio. Depois de trocarem ideias gerais sobre as vantagens da tainha sobre a tilápia, o assessor do ministério do Turismo perguntou ao funcionário do ministério da Pesca quem o havia indicado para o posto. Genésio respondeu que chegara ali graças ao plano de carreira da superintendência. "Fui admitido em concurso público, comecei como garçom, depois passei a auxiliar de compras e hoje estou lotado no almoxarifado", explicou, tendo de repetir a história três vezes até ser compreendido.

A notícia chegou a Brasília no mesmo dia, provocando indignação em aliados do governo. O líder do PR, senador Alfredo Nascimento, exigiu a imediata convocação do ministro da Pesca, Luiz Sergio, para explicar, diante da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, "em que trecho da constituição está escrito que alguém pode trabalhar em ministério sem ser indicado por um de nós".

No início da noite, o vice-presidente da República, Michel Temer, ligou para a presidente Dilma para tranquilizá-la com a notícia de que a crise já tinha sido debelada. "Mandamos o irmão do Romero Jucá para o tal almoxarifado, e as primeiras informações são de que o preço das iscas já aumentou sete vezes."

Genésio dos Reis foi suspenso e tem até trinta dias para arranjar um padrinho político.

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Contribuinte - Fiscal dos investimentos compulsórios no setor público


ECONOMIA - Controle do Custeio: é possível?

http://mansueto.wordpress.com/

Blog do Mansueto Almeida

Desevolvimento Local, Politica Econômica e Crescimento

Vou ser bastante direto. Lí no Valor Econômico que o governo planeja aumentar a responsabilidade fiscal e para isso planeja: "uma série de medidas que devem envolver desde a extinção gradativa da dívida pública indexada à taxa básica de juros, a Selic, à limitação do crescimento do gasto de custeio, por lei, em percentuais inferiores ao crescimento do PIB."

Vou deixar claro uma coisa. Só é possível fazer esse tipo de ajuste no custeio ao longo dos próximos três anos por uma combinação de três medidas: (1) repactuação da política de valorização do salário mínimo; (2) controle maior do crescimento dos gastos sociais, de preferência, mudanças no seguro-desemprego; e/ou (3) reavaliar e reduzir o tamanho do programa Minha Casa Minha Vida.

Análise do Custeio JAN-JUL 2009-2010-2011

Vamos aos números para que não fique a menor dúvida. Primeiro, como já falei diversas vezes, o termo "custeio" não diz muita coisa, pois coloca na mesma conta o bolsa-família com passagens aéreas, seguro-desemprego, etc. Se olharmos para as despesas de custeio de janeiro a julho deste ano (GND-3 do gasto público excluindo repartição de receita e gastos com previdência) temos que o custeio do governo federal foi de R$ 126,7 bilhões, ante R$ 110,6 bilhões para o mesmo período do ano passado. Isso representa um crescimento de R$ 16 bilhões ou de 14,56% em termos nominais. Esse crescimento é semelhante (em valores nominais) ao crescimento de JAN-JUL de 2009 para 2010 como se observa do gráfico abaixo.

 Despesas de Custeio (JAN-JUL) – R$ bilhões correntes

Segundo, para tornar mais clara a análise, vamos agora separar da despesa total de custeio os gastos sociais: (i) as despesas da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), (ii) seguro desemprego e abono salarial; (iii) bolsa-família, e (iv) outros benefícios assistenciais. De janeiro a julho deste ano, essas quatro contas somaram R$ 44,4 bilhões, equivalente a um crescimento de R$ 6,2 bilhões ou 16,6%, valor elevado para um ano no qual o reajuste do salário mínimo foi "zero" e o desemprego diminuiu. De 2009 para 2010, o crescimento dessa conta havia sido menor.

 Gastos Sociais – (JAN-JUL) – R$ bilhões correntes

Retirando-se os programas sociais do custeio, o custeio sem programas sociais foi de R$ 82,3 bilhões até julho, equivalente a um crescimento de R$ 9,9 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado. Um crescimento ainda elevado, mas há ainda outra correção a fazer.

Despesas de Custeio (JAN-JUL) Sem Gastos Sociais – R$ bilhões correntes

Terceiro, quem acompanha o que escrevo sabe que uma conta que passou a ser importante é a conta "subvenções econômicas", a conta de custeio que mostra os subsídios para o crédito agrícola, os gastos do governo com equalização de juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e os subsídios do programa Minha Casa Minha Vida. De 2009 para 2010 (janeiro a julho), essa conta passou de R$ 2,4 bilhões para R$ 2 bilhões; uma redução de R$ 400 milhões. Este ano, no entanto, os gastos dessa conta passaram para R$ 9,2 bilhões; um crescimento de R$ 7,2 bilhões puxados pelos subsídios ao programa Minha Casa Minha Vida.

 Subsídios e Subvenções Econômicas – (JAN-JUL) – R$ bilhões correntes

Retirando essa conta de subsídios do custeio temos outra surpresa. Os gastos de custeio passariam de R$ 70,3 bilhões do ano passado para R$ 73 bilhões este ano, ou seja, um crescimento nominal de R$ 2,6 bilhões ou de 3,7% — taxa muito inferior ao crescimento do PIB Nominal. No ano passado para o mesmo período, este custeio sem programas sociais e sem subsídios havia crescido R$ 12,4 bilhões ou 21,4%. Assim, já houve uma violenta desaceleração desse gasto de custeio (que inclui gastos com saúde e educação).  O que não consigo falar no momento é quanto dessa redução é temporária ou permanente.

Despesas de Custeio (JAN-JUL) Sem Gastos Sociais e Subvenções Econômicas –R$ bilhões correntes

É verdade que as despesas com passagens de avião e diárias foram reduzidas em R$ 380 milhões este ano, mas o impacto maior em termos de economia veio de três contas (i) outros serviços de pessoas jurídicas, (ii) contribuições (90% dessa conta é custeio da saúde e educação), e (iii) material de consumo. Essas três contas cresceram R$ 7,7 bilhões nos primeiros sete meses do ano passado e apenas R$ 676 milhões este ano. No entanto, toda essa economia foi perdida pelo crescimento da conta subvenção econômica.

Moral da História

(1) os gastos de custeio, quando se retira os gastos sociais e os subsídios econômicos, estão bastante controlados e cresceram até julho deste ano menos da metade do crescimento do PIB nominal. É algo surpreendente e muito além das minhas expectativas. Nos primeiro sete meses do ano esse custeio sem gastos sociais e sem subsídios econômicos cresceu apenas 3,7%. Como já falei, não sei quanto dessa economia é permanente ou temporária.

(2) No entanto, se acrescentarmos a conta de subsídios econômicos que é influenciada pelos subsídios do programa minha casa minha vida o custeio passa a mostrar crescimento de R$ 9,8 bilhões ou de 13,6%. Se além disso incluirmos de volta os gastos sociais, o crescimento do custeio este ano passa para R$ 16,1 bilhões ou 14,5%.

(3) O que isso tudo significa? Infelizmente, não há como controlar os gastos de custeio ao longo dos próximos com a mesma política de valorização do mínimo, com as mesmas regras do seguro-desemprego e ainda com o aumento da execução do novo programa Minha Casa Minha Vida, que envolve R$ 72 bilhões de subsídios como declarado pelo governo.

O custeio sem programas sociais e sem subsídios econômicos já está controlado. O problema é justamente os outros programas como o Minha Casa Minha Vida e a política de valorização do mínimo que impacta tanto o LOAS quanto o seguro-desemprego e abono salarial.  Ou seja, a politica de valorização do mínimo nos moldes atuais e a expansão do programa Minha Casa Minha Vida é incompatível com o controle das despesas de custeio. 

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Contribuinte - Fiscal dos investimentos compulsórios no setor público

POLÍTICA - O lulismo e o dilmismo

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-lulismo-e-o-dilmismo,768250,0.htm

O lulismo e o dilmismo

04 de setembro de 2011 | 0h 00
Gaudêncio Torquato - O Estado de S.Paulo

Ao entrar no nono mês, o governo Dilma deixa transparecer os primeiros traços de sua cara. Que permite divisar contornos mais homogêneos e menos oblíquos que a do ciclo Lula. As diferenças não se devem a razões de natureza política e nem de longe se abrigam na discutível hipótese, de viés conspirador, de que as criaturas, mais cedo ou mais tarde, acabam se rebelando contra o criador. Quem apostar na ideia de que um dia a criatura Dilma tomará rumos diferentes do criador Luiz Inácio perderá feio. Os dois atores fazem parte do mesmo enredo. E até se completam, pois o que sobra nele falta nela, e vice-versa. Exemplo: carisma e experimentação, de um lado, apuro técnico e organicidade, de outro. Um distanciamento, mesmo ocasional, traria perda para ambos. A configuração mais retilínea da atual administração resulta da identidade da presidente, da qual se extrai a ênfase em vetores como planejamento, controles e cobranças, análise de performances, calibragem da máquina, substituição de peças e sintonia fina nos programas. O dilmismo, como se pode designar tal modelagem, terá o condão de lapidar o lulismo, expurgar excessos, preencher reentrâncias, aplainar caminhos.

A imagem do "pente-fino" cai bem nas operações que o lulismo desenvolveu em diversas frentes. Convém definir o lulismo: um ajuntamento de programas, alguns de argamassa frouxa, implantados sob o escudo do real estável, que geraram um "novo milagre brasileiro", expressão de Rudá Ricci para explicar o ingresso de 30 milhões de pessoas no meio da pirâmide. Ainda conforme o sociólogo, "o lulismo teria se formado a partir do encontro com as classes menos abastadas do País, que rejeitam ideologias". E, claro, trombeteado por um líder que, no dizer de José Nêumanne Pinto em seu livro O que Sei de Lula, "é e sempre foi, sobretudo, um manipulador de emoções da massa". Sendo assim, diferencia-se do petismo, porquanto este tinha como foco as classes trabalhadoras organizadas em estruturas tradicionais e aquele abre os braços a contingentes desorganizados, desideologizados e pragmáticos. A análise do ciclo Lula permite distinguir alta dose de experimentalismo, como se constata nas idas e vindas que marcaram o início do Fome Zero. E mesmo após arrumar as coordenadas na área social, a partir da integração de projetos da era FHC, que redundou no símbolo da redenção de milhões de brasileiros, o Bolsa-Família, o lulismo deixou, ao fim de oito anos de império de Luiz Inácio, a impressão de larga defasagem entre discurso e prática. Espaços como os de infraestrutura e educação registraram resíduos de improvisação, como se vê nas planilhas do PAC ou em livros didáticos editados sob o selo de patrulhas que ousaram apresentar nova versão para a História do País.

Aduz-se, portanto, que o dilmismo veste o figurino adequado ao momento. Primeiro, por mostrar disposição de cortar gorduras acumuladas no corpo administrativo, tarefa complexa, diga-se, porque decisão dessa natureza contraria interesses da base partidária. Confira-se, a título de exemplificação, a assepsia que a presidente tenta realizar nos recônditos ministeriais. De forma lenta e gradual, a chefe do governo desobstrui dutos congestionados por sujeira, formando novas composições com quadros técnicos. O estilo Dilma incomoda aliados? Sem dúvida. Os parceiros não lhe dão o troco, ouve-se à boca pequena, por sentirem que manobra contrária à limpeza seria um bumerangue. Andar na contramão da faxina é defender sujeira. Um risco para a imagem pública do representante do povo.

A condição de mulher, ademais, ajuda-a a empreender o mutirão de depuração, eis que projeta os valores encarnados pela dona de casa: zelo, preocupação, cuidados com a organização do lar. Se parcelas governistas ameaçam ir para o confronto, juntando-se à oposição, como indicam a votação da Emenda 29 e da PEC 300, o governo brande o argumento da crise que nos ameaça. No planeta quase em chamas, onde nações poderosas dão sinais cada vez mais próximos de calote em credores, o Brasil não se pode dar ao luxo de gastança desbragada, como se via na era Lula. Querem mais dinheiro para a saúde? Indiquem a fonte, diz a presidente. Eis mais um elemento de diferenciação entre o ontem e o hoje. Luiz Inácio era um ás no campo da articulação política. Escudava-se na conversa ao pé do ouvido, no conchavo, na capacidade de convencimento. Lábia declamada com o mel do carisma é puro acalento. Tranquilizante. Já o estilo duro, direto, conciso de Dilma gera temor. É inegável, porém, que o País não aguentaria mais uma jornada de experimentações, andando em curvas, algumas bem fechadas, subindo em palanques no interregno de pleitos, escancarando cofres, expandindo ao infinito os gastos públicos. Se o dilmismo aperfeiçoar a rota da governança sob a marca da responsabilidade, ganhará o reconhecimento da sociedade.

Neste ponto, convém pinçar mais um traço relevante na metodologia da atual governante: a altanaria, a capacidade de não se deixar envolver pela competição interpartidária quando estão em jogo questões de absoluta prioridade. O programa Brasil sem Miséria, que complementa e ajusta a rede social tecida no ciclo anterior, foi lançado no Palácio dos Bandeirantes, ao lado do governador Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique. Significado: a vida pátria deve ser uma obra comum. Compartilhada por gregos e troianos. Gestos como esse abrem a esperança de que o dilmismo faça muito bem ao País.

JORNALISTA, É PROFESSOR TITULAR DA USP, CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO
TWITTER: @GAUDTORQUATO 


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