domingo, janeiro 31, 2010

É possível reestatizar o estado brasileiro?

Eu acho que muitas vezes existe um trade-off (troca onde um ganha e outro perde) entre os interesses dos políticos e os interesses da sociedade. Políticos querem ganhar eleições. A sociedade quer um maior valor presente de seu trabalho. Uma visão econômica ultra ortodoxa seria a que todos estão sempre maximizando suas utilidades (fazendo o melhor que podem, dados seus objetivos e suas restrições), portanto, estamos sempre em um equilíbrio de forças políticas e econômicas (mesmo que balança esteja tombando para um lado. O melhor a fazer, segundo essa visão, é não fazer nada; seria melhor se não tivesse Estado constituído, mas, agora que tem, não nos resta fazer nada. Talvez tivesse como mudar alguma coisa de forma que na média o resultado fosse melhor, mas isso implicaria em mexer em interesses e direitos de uns ou de outros, o que entra naquele longa e recente discussão que tivemos. Qualquer atitude política é uma afronta à liberdade econômica.

Veja o FHC e o lula: o segundo realmente mantém algumas medidas políticas que não são as mais desejáveis para o conjunto da população - mas sua popularidade (inclusive por causa dessas medidas) é de 80% e provavelmente e é um dos presidentes mais populares que já tivemos. Pensando no Lula e no PT como agentes econômicos e como um grupo de interesse, a conclusão é que eles não poderiam ter feito melhor em atingir seus próprios interesses - a não ser que alguém pense que o interesse do político é mesmo o camponês sertanejo. Já o FHC, por mais que tenha feito politicas boas, não conseguiu manter sua popularidade e sua influência política, de modo que hoje seu nome não pode ser citado nem pelo próprio PSDB.

A questão, ao meu ver, não é inviabilizar qualquer tipo de atuação dos políticos em atingir seus interesses, mas tentar fazer converger tais interesses com o do conjunto da população. Para isso é necessário mudar as instituições, de forma que o interesse do político seja, de fato, pelo menos em aproximação, o interesse social. Se a sociedade deixasse, assim como se as instituições permitissem, não tenho dúvidas de que me tornaria um ditador. Seria 10! Infelizmente, as pessoas não deixam! Se alguém, pela vontade própria e selvagem, consegue o poder às custas dos demais, esta pessoa conseguiu tudo que poderia querer na vida - além do mais, não é possível fazer nada, pois nada foi feito antes. Como eu quero manter tudo o que eu conquistei, sou contra derespeitar tal pessoa tentando mudar tal situação à posteriore.

Além do mais, os nossos "sábios" políticos nos ensinam: o melhor a fazer é não fazer nada; nada há a ser feito, já que todos já estão fazendo o melhor possível dada a situação em que estão. Enfim, deixem o mercado (político e econômico) funcionar livremente. Deixem venderem produtos ou suas almas ao diabo, ou até mesmo comissionados - se ninguém está punindo os criminosos, talvez os fiscais tb sejam criminosos, e se todos são criminosos, mudem o nome de "crime" para "ambição".

Ah, e eu realmente penso isso, não estou querendo apenas polemizar...

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