sábado, janeiro 25, 2014

Pobreza ou desigualdade?

A desigualdade pode ser pensada em diferentes aspectos. A renda ou a riqueza são interessantes para medir a variância do fluxo e do estoque monetário. A desigualdade de capital humano está correlacionada com a desigualdade de renda. Em um mundo perfeito e sem incertezas, a desigualdade seria zero, todos seríamos ricos e não haveria necessidade do trabalho. O mercado exige no entanto a remuneração dos fatores de acordo com  seus esforços, de modo que alguma desigualdade pode ser necessária e deve ser tolerada.

A desigualdade é especialmente danosa quando ela condena milhares de pessoas para a pobreza, sem que sejam oferecidas oportunidades profissionais e de uma plena vida social e cultural. Essa desigualdade nada tem a ver com a remuneração dos fatores de acordo com o esforço e a meritocracia, mas com privilégios e incentivos perversos impostos por uma pequena parcela da população que monopoliza o poder político e econômico, e que portanto não criam e não produzem nada.


Essa discussão é especialmente pertinente ao Brasil pois os programas de transferência de renda que visam exclusivamente a redução da desigualdade da renda parecem estar chegando ao limite, após forte expansão e fortes impactos nos últimos anos. É possível a redução permanente da desigualdade de renda ou riqueza quando se há enorme discrepância educacional e no acesso a fatores básicos de vida, como saneamento básico, escolas e sistema de saúde? A redução da desigualdade de oportunidades básicas nas fases iniciais de vida pode resultar em enormes oportunidades ao longo de toda a vida

O governo priorizou nos últimos anos a redução da desigualdade de renda, em detrimento do próprio crescimento e do nível geral de renda. A redução dessa desigualdade evita os danos de uma concentração excessiva de poder, mas não deveria ser vista como objetivo final de suas políticas. A pobreza é um indicador muito mais eficaz para se avaliar a eficiência das políticas públicas.

https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/2580/468270PUB0Meas101OFFICIAL0USE0ONLY1.pdf?sequence=1


http://globotv.globo.com/globo-news/entre-aspas/t/todos-os-videos/v/relatorio-de-ong-mostra-que-desigualdade-social-no-mundo-aumentou-consideravelmente/3093854/


MAC




3 comentários:

  1. É uma questão subjetiva, mas eu imagino que uma sociedade em que a desigualdade é zero ninguém é rico nem pobre. Acho que a riqueza é uma medida comparativa, rico são os joneses, mas, se não há mais joneses não há mais ricos ou pobres, ou, em outras palavras só há o belo se há o feio.

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    1. Garanto que tem muito feio por aí que continuaria feio se não existisse o belo! Garanto mesmo!

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  2. A linha da pobreza para se definir quem recebe o bolsa família, por exemplo, é completamente arbitrária. Além disso, existe a dificuldade de se avaliar corretamente a renda reportada, e a pobreza tem vários aspectos que vão além da própria renda, como o acesso a cultura e educação.

    Por mais que seja arbitrário o limite da pobreza, o sucesso do bolsa família reside em parte na efetiva focalização nos considerados pobres, esquecendo-se do resto da população, o que permitiu um cadastramento minimamente confiável, o que permitiu a redução da pobreza e da desigualdade, já considerando-se o dinheiro gasto com o programa.

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