Minha esposa me pergunta qual a probabilidade de haver eleições diretas para presidente antes de 2018.
Puxa vida, me pegou de surpresa. Sempre digo que o homem confessa toda sua ignorância quando lança mão da ciência das probabilidades. Afinal, dizer que num jogo de futebol as chances de vitória, empate ou derrota são de aproximadamente 33% para cada evento, é sinal de que você não faz nem ideia do nível técnico e da fase atual de cada time. A ignorância é total a cerca do fenômeno “partida de futebol”.
E foi aproveitando dessa total ignorância minha em relação aos próximos desdobramentos do conturbado momento político em que vivemos, que arrisquei calcular a probabilidade das eleições presidenciais antecipadas.
Lembro que em 2005 apostava minha alma de que o Galo não cairia para a segunda divisão simplesmente pelo fato de saber que a probabilidade existia. Aprendi, desde então, que muitos eventos prováveis só o são na teoria. E o Galo caiu.
Vamos então, caminhar pelo extenso processo do impeachment e tentar responder a complexa pergunta da minha esposa sabendo, é claro, que o provável nesta miscelânia política pode muito bem ser totalmente impossível de acontecer.
Primeiramente, confessando minha total ignorância, estipularemos 50% de probabilidade para cada bifurcação neste longo processo do impeachment que impacte nas chances de se ter ou não eleições diretas.
Primeira bifurcação:
A comissão do impeachment precisa de aprovar a denúncia.
50%
Segunda bifurcação:
Congresso precisa de 342 votos a favor do impeachment para prosseguir para o senado. Não são 171 contra, como alguns pensam. Se os deputados contrários ao impeachment não comparecerem, não importa. O que conta são os votos a favor do processo comandado pelo Sr. Cunha.
Então, bota mais 50% sobres os 50% de cima.
Terceira bifurcação:
Subindo para o senado, o processo necessita de maioria simples (40 de 81 senadores) para ser instalado.
Aceitando, Dilma é afastada por 180 dias assumindo provisoriamente Temer.
Até aí, nada de eleição.
Mais outro 50% sobre 50% dos 50%.
Quarta bifurcação:
Passando no senado, não teríamos novas eleições. Dilma pode ser inocentada ou pode ser considerada culpada durante o prazo de 180 dias. Se culpada, Temer assume provisoriamente. Vamos acumular mais um 50% de probabilidade sobre os três 50% aí de cima.
Acabou não.
Quinta bifurcação:
Temer também assinou “pedaladas fiscais” quando assumiu a presidência na vacância de Dilma quando da sua viagem para Europa. Além disto, as digitais de Temer estão espalhadas na Lava-jato. De alguma forma, Temer também pode ser impedido.
E taca outros 50% sobre os 50% dos 50% dos 50% dos 50%.
Sexta e última bifurcação:
Considerando a queda do estimável amigo da onça, ex-vice, ex-companheiro e agora ex-presidente, ainda temos um porém. Para convocação de novas eleições, ele teria que cair antes que 2017 chegasse. Se cair depois, as eleições são indiretas.
Então jogue mais 50% nesse monte de 50%’s.
Agora sim, vencendo estes 6 obstáculos, convoca-se novas eleições. E, enquanto rolar a campanha para presidente, Eduardo Cunha, o mestre dos magos que consegue ter diversas contas polpudas e irregulares nos bancos europeus sem ser incomodado, assume temporariamente a presidência da República por ser o terceiro da linha sucessória. Orgulhem-se brasileiras e brasileiros, Cunha é o seu novo presidente da república! Que bacana!
Logo, usando a ciência dos ignorantes e depois do Brasil todo esculhambado, ferrado, paralisado e pisoteado, ficamos assim:
P = 50% * 50%*50% * 50% * 50% *50% = ½ * ½ * ½ * ½ * ½ * ½ = 1/64. Isto corresponde a 1 chance em 64 possíveis logo, as chances de novas eleições presidenciais diretas antes de 2018 são de 1,56%. Olguinha, meu amor, o que você não pede chorando que não faço sorrindo...
Agora, as chances do povo brasileiro se ferrar feio com este samba do crioulo doido irresponsável e criminoso patrocinado pela oposição são de exatos 100% - sem necessidade de se usar da burra ciência das probabilidades.
CQD.